Flávia Pavanelli, o padrão de beleza e crueldade dos comentários
By Victória Farias - 23:10:00
Todos os dias, em cada momento da vida,
nós mulheres estamos sendo observadas em cada passo que damos. Precisamos estar
magras, com o cabelo bem escovado, perfumadas e depiladas. Precisamos cruzar as
pernas ao nos sentarmos. Evitar de falar palavrão em voz alta. Devemos arrumar
um marido, ter filhos e cuidar muito bem da nossa casa e da nossa família.
Enfim... a sociedade estabeleceu para as mulheres uma lista infinita de
afazeres para que sejamos aceitas.
“Ah, mas isso só acontecia até os
anos 60! Agora são outros tempos, muita coisa já melhorou.” Até pode ser. Mas eu
não diria que as coisas melhoraram, acredito que tudo isso só ganhou uma nova cara.
Desde o surgimento desse estereótipo da mulher perfeita e feminina, somente
quem se beneficia disso são os homens e a indústria da beleza, que vem lucrando
milhões em cima da autoestima frágil de mulheres como eu e você.
A Flávia Pavanelli é uma mulher
branca, com mil e um privilégios, olhos claros, cabelos lisos, magra e
totalmente dentro do padrão de beleza estabelecido para uma mulher. Além disso,
devemos levar em consideração o plus de ela ser uma figura pública e
influente. Hoje, saiu em todos os Instagrams de fofoca que a influencer estaria
recebendo mensagens de pessoas a atacando diretamente por suas escolhas em
relação a sua aparência. Frases como “o que é isso? Você tá horrível” e “você
já era linda antes e se estragou” puderam ser lidas em diversos prints expostos
por ela. E pasmem! Todas as mensagens são de mulheres.
Todas as mulheres estão vulneráveis
a querer seguir este padrão de beleza tão falado aqui. Para isso, são feitas
dietas mirabolantes que afetam diretamente a saúde, procedimentos estéticos,
exercícios físicos de forma exagerada, deixar de comer em certar refeições e
até tomar laxante. Tudo isso para que estejamos bonitas e magras. A Flávia é
uma mulher como qualquer outra, que sofre diariamente com exigências em relação
a sua beleza. Ela fez a escolha de fazer os procedimentos estéticos. Se está
feliz com eles ou não? Eu já não sei, mas foi uma escolha dela.
Outras mulheres, que sofrem da
mesma pressão estética, se sentiram no direito de invadir sua individualidade e
a ofender por suas escolhas. Imagino que a Flávia esteja abalada, é claro. Eu,
uma pessoa anônima, fico remoendo por semanas ou meses algum comentário que
fazem sobre o meu corpo. Agora imaginem ela que trabalha diretamente com a sua
imagem para milhões de pessoas. A real é que sofremos diariamente com tudo
isso, e não precisamos nos diminuir e apontar o que achamos feio na outra.
Sem ir muito longe, posso citar o
caso da Rica de Marré, que expôs uma mensagem que recebeu de uma seguidora
falando que ela tinha engordado e precisava “fechar a boca”. A blogueira respondeu,
e a pessoa insistiu e ainda reclamou que a Rica não sabia receber opinião dos
outros. Ok, e desde quando julgar e apontar defeito é opinião? Um comentário
maldoso pode desencadear uma série de traumas e transtornos.
Fazer esses tipos de comentários
significa dar força a indústria da beleza, ao machismo, ao patriarcado e a esse
padrão de beleza inalcançável que faz todas as mulheres sofrerem de alguma
forma. E sim, inalcançável pois sempre terá alguém para dizer que não está bom
e que poderia ser de outra forma. É preciso que a gente se ame em primeiro
lugar, e ainda assim não será fácil lidar com certos comentários. E você, leitor,
tenha empatia para com outras mulheres.
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